Katia Guerreiro
Nascida a 23 de Fevereiro de 1976, na África do Sul, Katia Guerreiro vai, ainda criança, para a ilha de S. Miguel, nos Açores. Cedo se liga à música mas é em Lisboa, para onde veio estudar Medicina, que descobre no ano 2000 que também era e é fadista. E a estreia não poderia ter sido melhor, participando no concerto de homenagem a Amália Rodrigues, no Coliseu de Lisboa. Público e crítica rendem-se à sua interpretação de duas emblemáticas canções de Amália, considerando-a a melhor actuação da noite.
Em 2001 editou o seu primeiro álbum, “Fado Maior”, abrindo assim um sólido, pessoalíssimo e marcante percurso nesta arte antiga que é o Fado e que conta já com nove discos editados. O último dos quais, “Sempre”, de 2018, tem produção de um dos mais importantes cantautores portugueses, José Mário Branco, álbum esse que foi considerado pelo “Le Monde” um dos melhores editados em 2019 em França.
Amada em Portugal mas também no estrangeiro, Katia Guerreiro já protagonizou centenas de concertos no seu país e em inúmeros países de todos os continentes, actuando sempre nas salas de maior prestígio em cada um deles, como a Filarmónica de Berlim, Ópera de Lyon, L’Olympia de Paris, Ópera de Rennes, Ópera de Vichy, Centro Cultural Tjibaou (Nova Caledónia), Fórum Internacional de Tóquio, entre tantas outras.
Nas comemorações do 30º aniversário da Revolução de Abril, Katia Guerreiro é uma das 30 personalidades distinguidas entre as que se notabilizaram, nas mais diversas actividades, nestas primeiras décadas da democracia portuguesa.
Em 2005 participa, a convite do Ministro da Cultura e Comunicação de França, Mr. Donedieu de Vabres, nos "Rencontres Pour L’Europe De La Culture”, realizados na Comédie Française, em Paris, a par com grandes nomes da cultura europeia e mundial, tais como Tereza Berganza, Jeanne Moreau, Costa Gavras, Barbara Hendricks. Katia termina a sua intervenção – que inclui um discurso na sua própria língua – com um aplaudidíssimo fado cantado a capella, como ilustração deste género musical. A sua eloquente defesa da identidade cultural de cada estado membro da União Europeia vale-lhe a nomeação, no ano seguinte, de Membro do Parlamento Europeu da Cultura.
Membro do Centro Nacional da Cultura em Portugal e Embaixadora em Portugal da Europa Nostra, Katia Guerreiro é figura activa nos meios culturais na Europa.
Condecorada pelos governos francês e português, nomeada para prestigiados Prémios nacionais e internacionais, protagonista de alguns duetos marcantes - com o tenor Plácido Domingo, Maria Bethânia, Ney Matogrosso, Amina Alaoui, entre muitos outros -, cantando à frente de instrumentos de Fado mas muitas vezes também acompanhada por grandes orquestras, o nome de Katia Guerreiro é, desde há muito, um nome maior deste género nascido em Lisboa mas Património de toda a Humanidade.
Poderá dizer-se que a promessa se está a cumprir e que todos aqueles que estiveram presentes naquela mítica noite no Coliseu de Lisboa no ano 2000 se poderão sentir orgulhosos por fazer parte desta história e deste fado. Katia Guerreiro foi e é considerada uma das mais importantes fadistas de entre o final do século XX e o início do Século XXI. Seguramente faz e fará sempre parte da História do Fado, ao lado daqueles que nos deixaram a herança. Daqueles que ao longo de mais de um século foram ajudando a construir, a desenvolver e a preservar a dignidade desta canção. Assim como Katia Guerreiro, que um dia sem querer foi marcada pelo Fado de ser Fadista…