Ângela Ferreira
Nasceu em 1958 em Maputo, Moçambique. Concluiu os estudos de Artes Plásticas na África do Sul obtendo o grau de mestre na Michaelis School of Fine Art, University of Cape Town. Atualmente vive e trabalha em Lisboa, leciona na Faculdade de Belas Artes de Lisboa, onde obteve o Doutoramento, em 2016. O trabalho de Ângela Ferreira desenvolve-se em torno do impacto do colonialismo e pós-colonialismo na sociedade contemporânea. Estas investigações são guiadas por uma pesquisa profunda e pelo filtrar de ideias que conduzem a formas concisas, depuradas e evocativas. Representou Portugal na 52ª Bienal de Veneza em 2007, onde continuou as suas investigações sobre a forma como o modernismo europeu se adaptou, ou não, às realidades do continente africano traçando a história da ‘Maison Tropicale’ de Jean Prouvé. É ainda a arquitetura que serve de ponto de partida para a o aprofundamento da sua longa pesquisa em torno do apagamento da memória colonial e a recusa da reparação, que encontra a sua mais complexa materialização na obra A Tendency to Forget (2015) focando o trabalho etnográfico do casal Jorge e Margot Dias. Pan African Unity Mural (2018), exibido no Maat Museum Lisboa e no Bildmuseet , Umea, Suécia foi concebido, retrospetiva e introspectivamente, para o “aqui” e o “agora”. Além da sua própria trajetória, outras histórias biográficas são simultaneamente narradas, expostas e escondidas neste trabalho. Em Dalaba: Sol’Exile (2019) um trabalho focado em Miriam Makeba, uma das mais proeminentes figuras contra o apartheid, Ferreira cria várias esculturas baseadas em elementos arquitectónicos da casa de exílio onde Makeba viveu em Conakri, quase como um protótipo da relação entre o modernismo e a arquitectura vernacular Africana. As suas homenagens escultóricas, sonoras e videográficas têm continuamente referenciado a história económica, política e cultural do continente africano ao recuperar a imagem e obra de algumas figuras inesperadas como Bob Dylan, Peter Blum, Carlos Cardoso, Ingrid Jonker, Jimi Hendrix, Jorge Ben Jor, Diego Rivera, ou Miriam Makeba.
Dos seus trabalhos recentes destacam-se: One Million Roses for Angela Davis (2020); Dalaba: sol’Exil (2019); Pan African Unity Mural (2018), Remining (2017); Talk Tower for Diego Rivera (2017); Boca (2016); Wattle and Daub (2016); Hollows Tunnels, Cavities and more... (2016); A Tendency to Forget (2015); Wild Decolonization (2015); Messy Colonialism (2015); Revolutionary Traces (2014); SAAL Brigades (2014); Independance Cha Cha (2014); Entrer dans la mine (2013); Mount Mabu (2013); Stone Free (2012); Political Cameras (For Mozambique series) (2012); Collapsing Structures/ Talking Buildings (2012); Cape Sonnets (2010/2012); For Mozambique (2008).